Nem todas as profissionais do sexo têm sentido os prejuízos e as oscilações econômicas da pandemia no bolso. Nesse meio tempo em que ocorre o isolamento social, o mercado dos shows privês das camgirls se depara com um boom na web no Brasil. As camgirls são as chamadas garotas que fazem stripteases virtuais e os acessos deste tipo de sexo dispararam e ganharam um novo público deste serviço durante este período da quarentena, formado principalmente por jovens, que antes optavam em se divertir nas baladas noturnas.
O site brasileiro Camera Hot, que tem a participação de aproximadamente 800 camgirls, revela que só na primeira quinzena de março conquistou um aumento de quase 300 mil visitantes se comparado com o mesmo período do mês passado. O cadastro de novos usuários cresceu com cerca de mil clientes diários, quase 30% maior se equiparado ao mês anterior. Além disso, a receita das modelos cadastradas na plataforma também atingiu a marca de 25% a mais no valor do cachê. Deste valor, 60% são referentes aos usuários recorrentes, já que ficam agora mais tempo online e gastam mais créditos.
Segundo o site, houve ainda uma procura significativa de novas camgirls para se cadastrar, com uma média de 20 mulheres por dia, o que aponta um crescimento de 50% se comparado com a mesma época do ano anterior. Anteriormente, muitas delas trabalhavam offline e até atuavam em outros empregos, além de frequentarem faculdade ou malhar na academia, todas as atividades atualmente suspensas por causa das orientações de distanciamento social. Todo este cenário fez com que haja mais disponibilidade para se dedicar a este ofício, além de poderem manter ou aumentar a renda.
De acordo com a pesquisadora Priscila Magossi, doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP e fundadora do projeto New Camming Perspective, que presta auxílio a mulheres dessa profissão, a probabilidade é que cresça bastante a busca por esse entretenimento por causa da adesão de gente mais jovem.
Por isso, tudo indica que as camgirls brasileiras vão embolsar mais dinheiro, porque uma grande parcela delas trabalha em plataformas estrangeiras que pagam em dólar. Como a quarentena é global, a proporção do aumento de clientes também é mundial. “Em termos operacionais, este é um momento bastante estratégico para este mercado investir em marketing e estimular novos clientes a conhecer a indústria, sobretudo se a oferta não estiver focada apenas no sexo online, mas na conexão e interatividade entre modelo/usuário”, avalia Priscila.
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